setembro 10, 2007

INVEJA

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Fui tomado por um âmbito
Descontrolado de bom senso
A pouca retidão que restava se foi

Fiquei desconexo a todo o resto
Num devaneio esplendido
desta conspiração covarde

em punhos laminados
armado até os dentes
de ódio e temor

vagueando fui
solitário desprovido de cautela
com a sutileza de um rinoceronte atroz

sem divagar ao menos circunstâncias
das mínimas prevenções
minha prepotência me despia o medo

que ao chão pisoteado ficava pra traz
em versos escritos a lapiseira 0.7
a nostalgia era apagada linha a linha

Re tomávamos o mundo de poetas mortos
com pródigos versos tênues
de pouca força sem menor sentido

a inspiração estava nos comendo vivos
temperado a óleo e manjericão
salternados de tanta compulsão poética

desejávamos uma historia sem fim
que começava numa só retórica
e terminava divagando o próprio inicio

novidades alucinantes estagnavam
nossas mentes poluídas
a caminhada longa descordava noutros traços
as possibilidades pouco prováveis
de nos tornarmos deuses

e aquecidos na fogueira do outono
a saciar nossas famintas mentes
com sarais de pura irrelevância
onde todos sempre desejavam ir mais fundo

comíamos alguns petiscos
e sonolentos caímos no sono

todos nós contaminados
noite a dentro todos repulsivos
se suicidando pra constânciar
a produção de versos e mais versos

a busca incessante por uma só palavra
que fosse capaz de denominar-nos
portadores da redenção

uma lacuna apenas restava a ser
preenchida a tempo
nenhum segundo mais restava
e quando
irmãos já se assassinavam
por autorias de texto sujo

e nada parava um instante se quer
ninguém tinha ao menos
um instante pra focar
na beleza da vida
nas flores do chão

descoberta foi
a grande novidade do novo mundo
era poder sentir até ela mesmo mais que o próximo
de próprio punho eu declarava
neste dia sua origem,

como linda flor de lótus
em poesia, es que foi sua criação
INVEJA

...

setembro 04, 2007

LAMENTAÇÕES

olhei mais uma vez pra fora
covarde do meu sóbrio deslumbre
novamente nada havia pra se ver,
mais um dia se passando vazio

cansado de ilusões de nada,
na cama os lençóis tomavam meu corpo
de um imenso calafrio de solidão,
de olhos cerrados, as vezes suspiros vagavam

seu toque de seda, não me abandonara jamais
tinha ficado na lembrança insípida
mais que ainda tomava a tocha
e incendiava meu coração só de pensar

todas as manhãs, eu tomava tento
pra conseguir suportar mais um dia
era um conformismo indesejado
um sofrimento, deturpado
que a cada dia me fazia chorar mais

secando meu rosto de punhos molhados
podia sentir minha respiração ofegando
fechava por um instante os olhos
e tomava toda a coragem que me restava

abria novamente e sabia que podia...
mais uma vez suportar
mais uma primavera sem flores
mais um verão sem calor
mais um outono sem folhas
e um inverno gelado e muito frio
que duraria a vida toda

de coração congelado, pra não doer tanto
eu hasteava mais uma vez a bandeira
rendia meus esforços todos,
pra me manter de pé
desejava nunca ter nascido.

foram assim todos os meus dias,
todos os dias que se passaram
longe de você, longe do brilho do mundo

durante alguns períodos
vaguei a estrada da vida
procurando inebriado, por um pouco de atenção
caçando, um carinho em qualquer olhar
lamentando a vida nos braços de qualquer alguém

mais um conforto vazio nunca foi o bastante
nunca senti, ferver meu coração se não com você
jamais troquei ou guardei uma lembrança
que não fosse sua.

Sem nenhuma crença, mesmo assim perdido
pedia para os deuses, demônios, homens
sábios, e loucos, que me ajudassem
que me dissessem, se houver um caminho
o que devo fazer pra segui-lo ?!

sem respostas acordava mais uma vez
sozinho e perdido, com calafrios
e muita febre, noites em claro
já eram coisa comum...

transpor as janelas de qualquer recinto
e não ver nada chegar e nada acontecer.
Já era fato ...

Você jamais voltaria e eu nunca teria
de volta meu sentido de viver

quando a covardia me corrompendo
me fazia jogar a toalha,
antes que eu pudesse simplesmente desistir
algo me cegou por completo,

cruzamos nossos caminhos mais uma vez
de olhares brilhantes, e úmidos
mãos frias e suando, com as pernas desgovernadas
senti seus lábios doces, me tocando

não sabia se aquilo era certo
mais não poderia de forma alguma lutar
eram decisões que ninguém havia tomado

era a conspiração do universo e a loucura
era apenas mais um momento pra ficar na lembrança

aquele beijo pode ter dito muitas coisas
mais sinto que só está servindo
pra aumentar meu sofrimento
só pra confortar saudades, de algo que não posso ter
apenas quem sabe, fitar de longe
ou usar por alguns instantes
mais nunca será meu de verdade ...

meu universo está paralelo a tudo
meus dias tomaram de volta a cor
mais estão opacos, e sem brilho
meu sorriso voltou por hora a ser uma coisa freqüente

mais isso aconteceu apenas pra rir
da minha própria desgraça, de que adianta
um amor verdadeiro ?!
se quando te mandão embora de um coração
Não se pode pedir pra ficar


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DESPEDIDA

E voltamos para casa mortos
Aliviados por nada ter acontecido
Com o chão ensangüentado de ódio
O temor assolou nossa vida

Em lascivas batalhas
De amor e medo
encontramos nossa vida
Perdidos em pecados
Que outrora fosse oásis

Vagueando notívago solitário
Pertinente a cada curva dos sem causa
Lamentando o solavanco desprendido de pureza
Eu fito um céu de imenso azul
Que conspira outra vez
Minhas escolhas

Embriago noutras taças
Lamentável o acalanto ao viciado
Meu suspiro infeliz em pó celeste
Faz bater de ondulações
Minhas falanges

Cada dia mais vazio e desconexo
Vou perdendo e me desprendo
Num abismo

Sem colinas praias ou fidelidade
Vou cedendo cada vez
Mais sitiado

E mais covarde menos triste
Viajante, eu alucino outra vez
Numa retórica suja se quitaria
E desumana, onde medo

É de novo concordância
Subsidio é a nossa tolerância
Inconseqüente, de vinganças saciado

Imprimo mais um passo
Firme no destino
Combalido de prováveis
Morticidas, já me vou
Pra nunca mais voltar pra casa ...


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DIVAGANDO A MODESTIA EM POESIA

O castigo do poeta
É nunca ser a bela
Se me permite a falsa modéstia
Fera que mata e afaga

Enaltecendo com cautela
A casta pele a toques sutis
Das doces, linhas tremulantes
Num papel

A castidade apática
Afasia poética latente
Seduzida enervada com palavras
Despida sem toque

Numa paixão sem consumo
Covarde abundante amoral

Vislumbrado a mil olhares
Dividido a dez paixões
Divagando um só prazer
O poeta embriaga
E enaltece as ilusões

Aos tracejos corrediços
Impacientes ao compromisso
Poesia :
“conjunto de obras em verso, escritas numa determinada língua ou próprias de uma determinada época, de uma corrente literária,”
Ou apenas amor puro expresso
Em papel transcrito a verso
Por alguém ou qualquer coisa

é a chance verdadeira
de fartar esta lacuna
de vazio com emoção

O poeta nunca é bela
Mais feroz no coração
A fera, ama sem
Falsa modéstia

...